“De quase mil anos se orgulha o nosso mosteiro. Fundado em 978, sempre deixará pegadas fundas no chão da história. Como tudo quanto é deste mundo, há, porém, hiatos de silêncio como também momentos de grande brilho; vida calma do dia-a-dia e horas amargas de sobressaltos; engalana-se o mosteiro com a presença solene de vários monarcas, como também o atormentam ora as baionetas das mílicias ou as ordas dos salteadores. De tudo, um pouco, pois…”
Prefácio “o Mosteiro de Santo Tirso” Pe. Francisco Carvalho Correia.
Contexto Histórico:
O Mosteiro de São Bento em Santo Tirso, ao longo da história, sofreu uma evolução das estruturas arquitectónicas destacando-se quatro fases de evolução material.
O primeiro convento foi fundado em 978 por Unisco Godins e seu marido Aboasar Lovesendes, uns senhores da Maia que decidiram construir neste sítio este mosteiro por se encontrar num local de cruzamento de duas vias que faziam ligação entre o Porto e Braga, uma pela ponte de Negrelos e a outra pela ponte da Lagoncinha. O mosteiro familiar cumpria acima de tudo funções de acolhimento dos peregrinos (pobres, ricos, clérigos ou seculares) e ajuda aos doentes.
Depois da abolição, pela Cúria Romana dos mosteiros familiares, surge o segundo convento em 1092, onde os residentes passam a ser os monges da ordem Beneditina que permanecem até 1834.
Em 1300, dá-se a construção do terceiro convento que mais tarde é englobada na igreja actual de construção em 1650. O projecto da igreja atual é de autoria de Frei João Turriano, filho de arquitecto milanês Leonardo Turriano. Este foi também autor do risco das Capelas Mor da Sé de Viseu e Leiria e do Mosteiro de Santa Clara a Nova - Coimbra
Esta quarta igreja data a construção desde o séc. XVII até ao XVIII. A 26 de Março de 1834 o Mosteiro encerra portas pela chegada dos militares liberais a Santo Tirso, vindos do Porto. O último abade, D. Joaquim de Santa Rosa, de Penafiel, quando soube que se aproximavam os militares da nossa casa religiosa mandou os monges para suas casas, fechou as portas, beijou o chão e dirigiu-se para a residência dos seus familiares. Dois meses depois o Governo Mata-frades (Maio de 1834) extingue os Mosteiros.
Após a secularização o Mosteiro foi dividido em 3:
- a igreja e o primeiro claustro entregue à Paróquia
- Hospedarias são transformadas em Repartições públicas
- Quintas, 2º 3º e 4º Claustros foram postos a leilão que Pinto Soares, cunhado de Passos Manuel rematou. Em Fevereiro de 1882 - Visconde São Bento adquiriu à familia Passos para fazer um asilo.
O último restauro foi concluído em 18 de Maio 1991 onde a comunidade paroquial trabalhou pela sua igreja.
De destacar as visitas da monarquia a este mosteiro:
- D. Afonso II
- D. Dinis (5 e 14 de Julho de 1288)
- D. João I (1385 e 1409)
De referir também que até 1834 foi o maior mosteiro beneditino de Portugal possuindo 4 claustros.